São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COI não vê Rio-2016 melhor em nada

Sem liderar nenhum dos 11 critérios, candidatura carioca tem avaliação pior até que a de Doha, excluída da disputa

Candidata nacional sofre em segurança, infra-estrutura e hotelaria, que tem avaliação máxima inferior ao mínimo das cidades rivais no quesito

EDUARDO OHATA
LUÍS FERRARI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Classificado pela primeira vez como finalista para receber uma Olimpíada, o Rio de Janeiro largou na lanterna na disputa com Chicago, Madri e Tóquio pelos Jogos de 2016, segundo avaliação do COI (Comitê Olímpico Internacional).
A candidatura carioca teve a pior avaliação entre as quatro sobreviventes. Suas notas globais foram inferiores às de uma das desclassificadas (Doha, excluída não pelas notas, mas por ter previsto os Jogos para outubro, contra pedido do COI).
O Rio não venceu nenhum dos 11 critérios e exibe a nota mais baixa entre as 44 mínimas atribuídas pelo COI às cidades que seguem na disputa.
Baku (no Azerbaijão), Praga (na República Tcheca) e o pleito do Qatar tiveram as candidaturas rejeitadas ontem.
Além da segurança -quesito em que o Rio apresentou a nota mais baixa (4,6) entre todas as marcas das cidades ainda na disputa-, o pleito nacional recebeu má avaliação nos critérios de infra-estrutura e hotelaria, ambos com peso 5. Ou seja, esses itens valem mais que o dobro do que o apoio governamental, em que o Rio foi bem avaliado (tal qual experiência em eventos passados).
A avaliação máxima da hotelaria carioca (6,4) é inferior à mínima das outras três.
"Considerando o número de quartos de hotéis existente e planejados, há escassez na quantidade de quartos de 3, 4 e 5 estrelas. Para superar essa deficiência, o Rio propõe o uso de navios de cruzeiro e apartamentos em condomínios", registra o calhamaço de 111 páginas publicado ontem pelo COI.
O documento aponta que essa opção "geralmente causa dificuldades logísticas e financeiras, que têm que ser abordadas também". O comitê internacional ainda questiona a viabilidade desses quartos alternativos.
A má avaliação da rede hoteleira é particularmente prejudicial ao Rio. Enquanto a cidade patina em torno da nota de corte, os adversários orbitam acima dos 8 pontos (Tóquio chega a 10 no quesito).
"Essa questão [de acomodações] deverá ter sido resolvida em 2016, por conta da Copa de 2014", diz Orlando Silva Júnior, ministro do Esporte.
Acerca da infra-estrutura, o COI questiona a capacidade do aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim, no Galeão.
Aponta que é incapaz de suprir a demanda olímpica.
O governo federal diz que está prevista no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) uma reforma no Galeão.
"O crime em algumas partes do Rio é encarado como uma preocupação à segurança do público que for aos Jogos Olímpicos", relata o informe do COI, que recomenda "ações para assegurar a proteção e segurança de pessoas que passarem por determinadas áreas da cidade serão exigidas".
Em mais de uma passagem, o documento do COI separa o Rio de suas três concorrentes pelos Jogos Olímpicos de 2016.
Madri, Chicago e Tóquio já ostentam, por exemplo, infra-estrutura de telecomunicações suficiente para uma Olimpíada.
O Rio a apresentará apenas se cumprir planos de modernização previstos até 2016. O mesmo ocorre com hotelaria.
No quesito finanças, o Rio também apresenta as menores notas mínimas e máximas.
Um dos problemas é ser o único candidato que tem a maior parcela do custeio do comitê organizador na esfera pública. Nas demais candidaturas, o setor privado cobre todas ou a maior parte das despesas da operação dos Jogos Olímpicos.


Texto Anterior: Futebol - Rodrigo Bueno: A Euro, de ônibus e com camisa
Próximo Texto: Saiba mais: Computador faz avaliações virarem notas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.