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COB usa empresa sem licitação
Com dinheiro público e sem concorrência, comitê paga R$ 3,5 milhões a consultoria para Rio-2016
Quando usam recursos de estatais, candidaturas às Olimpíadas costumam fazer processos públicos para a contratação de consultores
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A primeira remessa de dinheiro do governo federal ao
COB para a candidatura do Rio
de Janeiro à Olimpíada foi gasta sem licitação na contratação
de uma consultoria internacional. Essa despesa inicial foi de
R$ 3,5 milhões, pagos à EKS
(Events Knowledge Services),
que auxilia a Rio-2016.
O COB alega que a empresa
tem "notória especialização no
setor", o que dispensaria a licitação. Já o Ministério do Esporte afirma que o comitê lhe
apresentou uma pesquisa de
preços com três consultorias.
De fato, a EKS tem know-how em organização de Jogos.
Sua criação está relacionada ao
próprio COI (Comitê Olímpico
Internacional) e tem no estafe
australianos que trabalharam
na Olimpíada de Sydney.
Só que que há pelo menos
quatro empresas que prestam
auxílios técnicos a candidaturas olímpicas similares aos da
EKS. Ainda há outras consultorias que trabalham com comunicação e contato político com
membros do COI, em um total
de 30. O COB contratou Michael Payne nesta outra área.
"É um mercado de serviços,
que está crescendo. É bastante
especializado e não tem várias
companhias", contou o consultor de comunicação inglês
John Tibbs, que trabalhou para
as candidaturas de Atenas-2004 e Pequim-2008- agora,
defende Tóquio-2016. "Em geral, as organizações públicas fazem licitação. Vários contratos
foram feitos assim."
Formado como empresa, o
Comitê Olímpico Britânico, na
candidatura para 2012, fez licitações para as contratações de
consultores. O órgão tem financiamento público, mas contava
com dinheiro de patrocínios.
"Londres 2012 Ltd era uma
organização de aproximadamente 100 pessoas no seu pico
e, embora mantivesse várias
funções internamente, contratou vários consultores para diferentes assuntos (relações públicas, legais e internacionais)",
informou a assessoria do Comitê Olímpico Britânico.
Já o COB é quase inteiramente financiado por dinheiro
público. Houve uma doação de
R$ 900 mil de pessoas físicas
para despesas iniciais.
O governo federal já determinou que investirá R$ 80 milhões no Rio-2016. É aproximadamente o valor total estimado
a ser gasto na candidatura.
Um convênio entre o governo e o comitê do final de dezembro do ano passado foi o
primeiro passo. Estabelecia R$
3,466 milhões para a contratação "de consultoria especializada em megaeventos esportivos
para coordenar o desenvolvimento e a elaboração de todo o
material técnico relacionado
aos temas abordados no questionário para a candidatura".
O COB firmou contrato com
a EKS. E pagou seus serviços
iniciais com "recursos do setor
privado". Assim, a empresa já
trabalhou na revisão final ao
questionário entregue ao COI
referente à primeira fase.
A liberação do dinheiro do
Ministério do Esporte só ocorreria em março deste ano.
O documento inicial levou o
Rio-2016 à segunda fase da disputa olímpica. Mas a candidatura brasileira teve as piores
notas de avaliação entre as quatro que ficaram na disputa -as
outras três são Chicago, Tóquio
e Madri. Agora, a EKS atuará no
questionário da segunda fase.
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