Comitê muda critérios e não abre disputa entre cidades para buscar Olimpíada

Pan-2007, que sofre com atraso de obras e teve orçamento inchado para R$ 1,4 bilhão, é apontado como principal trunfo da cidade

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O Comitê Olímpico Brasileiro virou a mesa ontem e escolheu o Rio como o candidato brasileiro a receber os Jogos Olímpicos de 2016.
Ao contrário do último pleito, quando a entidade promoveu disputa interna entre cidades, o presidente Carlos Arthur Nuzman anunciou que o critério foi mudado e apontou a sua cidade natal e sede do COB para concorrer à Olimpíada.
Os dirigentes do COB sequer discutiram o assunto com os políticos de outras cidades. Nuzman homologou a candidatura da cidade com base em decisão do Conselho Executivo do COB e na análise de uma consultoria internacional contratada pelo comitê -Event Knowledge Services.
O prefeito César Maia (PFL) ficou sabendo que sua cidade será candidata durante a reunião de ontem. O Rio não apresentou candidatura aos Jogos.
""O modelo não tem nenhuma obrigação de ser sempre o mesmo. Se o COI [Comitê Olímpico Internacional] muda os modelos porque não podemos mudar?", disse o dirigente, referindo-se aos critérios diferentes adotados pela entidade internacional a cada disputa.
Segundo estimativa apresentada ontem, seriam necessários cerca de R$ 5 bilhões para o Rio organizar o evento.
Cesar Maia festejou com ironia a escolha do COB. ""A beleza está sendo fundamental", disse, referindo-se ao discurso da vitória de 2003. Na época, disse: ""As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental".
Na última candidatura brasileira, Rio e São Paulo competiram por cerca de sete meses até 7 de julho de 2003, com a escolha carioca. Na época, o orçamento do Rio-2012 previa o gasto de aproximadamente R$ 12 bilhões, em valores de hoje.
""Não vamos aumentar nem diminuir a capacidade das outras cidades, mas se você perguntar hoje pelo mundo... [sugerindo que o Rio seria o escolhido]", disse Nuzman, após a decisão unânime da assembléia geral da entidade.
Dizendo contar já com o apoio dos governos federal, estadual e municipal para a candidatura de 2016, o presidente afirmou que o Pan de 2007 foi o grande trunfo da cidade.
""O Rio será a única cidade no Brasil e na América Latina que já contará com instalações de nível olímpico prontas durante a postulação da candidatura."
A organização do Pan, que sofre com obras atrasadas e teve uma série de problemas de verba e desentendimentos entre as três esferas do governo, deve consumir R$ 1,4 bilhão.
A cidade também terá que trabalhar bastante para apagar a imagem negativa deixada na última seleção feita pelo COI, que escolheu Londres para receber os Jogos de 2012.
A candidatura brasileira teve notas decepcionantes em quase todos os 11 itens analisados pelos integrantes do comitê.
A pior nota foi no quesito infra-estrutura geral -3,1.
Além disso, o COB entra em rota de colisão com a CBF, que pretende organizar a Copa de 2014. Especialistas dizem ser difícil o mesmo país receber dois eventos grandes em tão curto espaço de tempo.
O Rio terá fortes concorrentes como Tóquio e Madri. Em 2009, o COI dará seu veredicto.


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