Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/123456789/681
Tipo Documento: Produção acadêmica
Fascículo de periódico
Título: Cadernos Metrópole - desenvolvimento desigual e gentrificação da cidade contemporânea
Data do documento: 2014-11
Resumo e/ou Legenda: O número 32 do Cadernos Metrópole reúne artigos sobre a gentrificação e o desenvolvimento desigual da cidade contemporânea, considerando, especialmente, o pensamento do geógrafo escocês, radicado nos EUA, Neil Smith (1954-2012), fortemente influenciado por David Harvey. Smith explica que a existência de áreas centrais degradadas oportunizam a obtenção de rendas fundiárias, gerando a “gentrificação”, ou seja, favorece as práticas especulativas dos agentes do mercado imobiliário, em particular o residencial, que, tendo por base investimentos públicos e privados significantes, conseguem enobrecer certas áreas da cidade, com isso transformando os preços praticados no mercado ao criar submercados imobiliários para classes de renda mais alta. Chama esse diferencial de preços de rent gap. Fruto do desenvolvimento desigual, com sua má distribuição de investimentos e de renda, tal processo induz à “gentrificação”, situação em que os mais pobres são deslocados. Esses deixam (ou abandonam, como diria Peter Marcuse) as áreas renovadas, ou porque os custos de sua manutenção no local tornam-se insustentáveis, ou porque são irrecusáveis as ofertas de compra de seus imóveis. Assim, o urbanismo contemporâneo impulsiona a produção capitalista, ao invés de impulsionar a reprodução social. A “gentrificação” é, no contexto da globalização e do neoliberalismo, uma estratégia urbana generalizada do capital. O que diferencia a análise de Smith de outros pesquisadores sobre o mesmo tema é a ênfase que ele dá à gentrificação como estratégia do capital. Define ser um movimento do capital, não dos indivíduos. Assim, enfatiza mais o lado da oferta dos imóveis, enquanto pesquisadores, como David Ley, cujo trabalho é sobre as cidades canadenses, enfatizam aspectos ligados à demanda. Para Smith, o processo – como analisado pioneiramente por Ruth Glass, em Londres e outras cidades britânicas, na década de 1960 – pode ter surgido por iniciativa de (ou seja, seguindo a demanda de) profissionais liberais em busca de mais centralidade e outros atributos urbanos, como cultura e arte, aqui incluindo acesso e proximidade a restaurantes, cafés, bares, teatros, galerias, salas de espetáculos, bibliotecas, museus, espaços públicos seguros e animados, praças, jardins, etc. Porém, já na década de 1970, tal prática foi apropriada pelos capitais de base imobiliária e, na década de 1990, passou a ser uma prática generalizada, de larga escala e global. O Estado é também chamado a contribuir, tanto por demanda dos capitalistas promotores imobiliários, quanto dos residentes nos bairros renovados ou em processo. Chris Hamnett, que analisa Londres, situa a gentrificação na passagem da economia industrial para a pós-industrial. Analisa a mudança daí decorrente, no mundo do trabalho, nos empregos e nas categorias sócio-ocupacionais, para concluir que daí advêm mudanças na estrutura do mercado residencial. A nova economia pós-industrial dispensa certos espaços antes ocupados pela indústria, transformando-os para novos usos, e requer espaços mais centrais para o desenvolvimento de uma economia de serviços e novas áreas residenciais. Peter Marcuse, que como Smith analisou o processo em Nova YorK, dedica particular atenção aos efeitos da gentrificação para os grupos afetados. Diz que a gentrificação, mas não só ela, pode levar ao abandono de áreas e que os benefícios da gentrificação são distribuídos de forma desigual entre os gentrifi cadores (gentrifi ers) e os deslocados (displaced). A ideia deste número especial do Cadernos Metrópole é discutir, em particular, como o conceito de “gentrificação” pode ser utilizado para compreender e explicar a “produção de espaço” na cidade contemporânea, tanto no que se refere aos projetos de renovação urbana, em geral, e à recente onda de promoção de grandes projetos icônicos e espetaculares, quase sempre assinados por arquitetos de grife, quanto no que se refere à continuidade crônica do “desenvolvimento desigual”.
Local: São Paulo
Link: http://cadernosmetropole.net/system/edicoes/arquivos/000/000/036/original/cm32.pdf?1474650660
Palavras-chave: gentrificação
intervenções urbanas
políticas públicas
Editor(es): Cadernos Metrópole
Propriedade: Cadernos Metrópole
Formato: online
Impresso
Citação: Cadernos Metrópole. Volume 16, Número 32, novembro 2014. Dossiê “Desenvolvimento Desigual e Gentrificação na Cidade Contemporânea”.
Idioma: pt_BR
Aparece nas coleções:Intervenções Urbanas
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